Se você já passou horas em um jogo moderno procurando por mensagens secretas, salas escondidas ou referências engraçadas dos desenvolvedores, os famosos "Easter Eggs", você deve essa tradição a um grupo de programadores do final dos anos 70, que trabalhavam na lendária Atari.
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Naquela época, a Atari não creditava os nomes de seus programadores nos jogos. A empresa temia que, ao se tornarem famosos, esses talentos fossem roubados por empresas concorrentes. Para os criadores, que passavam meses criando mundos pixelizados com pouca memória, essa falta de reconhecimento era inaceitável.
A solução?
Criar uma assinatura digital disfarçada, um segredo no código, que apenas os jogadores mais persistentes poderiam encontrar. O marco zero da história dos Easter Eggs está no jogo Adventure, lançado em 1979 para o console Atari 2600.
O programador Warren Robinett estava revoltado com a política da empresa. Ele dedicou secretamente parte do código de memória do jogo, que era de apenas 4KB, incrivelmente pequeno!, para esconder um segredo.
Apenas se o jogador realizasse uma série de passos bizarros e improváveis, como pegar um pixel minúsculo invisível e levá-lo para uma sala específica, ele seria recompensado.
O Resultado: O jogador era teletransportado para uma sala secreta onde a mensagem piscava: "Created by Warren Robinett" (Criado por Warren Robinett). O segredo só foi descoberto por um garoto de 15 anos, meses depois do lançamento que escreveu para a Atari. A empresa cogitou remover o código, mas a essa altura, os cartuchos já estavam distribuídos. Então um dos gerentes de marketing, inteligentemente decidiu que aquilo não era um erro mas sim uma "Caça aos Ovos de Páscoa Digital", e assim o termo nasceu e se popularizou na indústria.
O ato de Robinett inspirou toda uma geração de programadores. Outros Easter Eggs foram tão bem escondidos que demoraram décadas para serem revelados, muitas vezes apenas por meio de engenharia reversa do código-fonte.
Pac-Man (versão Atari 2600): O programador Todd Frye escondeu seu nome. Mas, devido às limitações do console, a única forma de vê-lo era forçando o jogo a travar, o que levava a uma tela de debug onde seu nome aparecia, um segredo encontrado apenas nos anos 2000!
Mistery (Atari 2600): O programador Rich Gold escondeu seu nome com um código tão complexo que a maioria dos jogadores jamais o encontraria sem ferramentas de hack.
A história dos Easter Eggs do Atari vai além do jogo. Ela representa a luta pela autoria e reconhecimento na era digital. Aqueles programadores, hoje lendas, usaram a tecnologia como uma forma de arte e ativismo, provando que, não importa o quão pequeno seja o espaço de manobra, a criatividade sempre encontra um jeito de deixar sua marca.
O Easter Egg deixou de ser um ato de rebeldia e virou uma tradição, um presente para o fã mais dedicado, e uma prova de que os melhores segredos sempre estão à vista, mas exigem um olhar mais atento!